O diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII), João Fernando de Oliveira, diz que as empresas estão atentas à importância de aproveitar o momento de crise para investir em inovação, preparando-se para a recuperação. Criada há dois anos, a EMBRAPII tem 30% do seu orçamento, de R$ 4,5 bilhões, provenientes do governo federal e faz a ponte entre os centros de pesquisa e a indústria, que busca projetos para melhorar produtos, baratear custos ou desenvolver novos processos.

Em ano de crise, qual é a disposição das empresas para investir?

De olho na saída da crise, as empresas priorizam o trabalho dos seus departamentos de pesquisa no desenvolvimento de produtos e processos. Estamos vendo isso agora. Neste ano, jã temos R$ 15 milhões de contratos com empresas.

As empresas estão buscando o quê?

Elas estão atrás de soluções para gaps tecnológicos dentro do cronograma de produtos que estão desenvolvendo. No momento em que a empresa tem dificuldade para produzir, ela pode se dedicar a avançar nas etapas de criação de novos produtos. Crise não significa interromper o desenvolvimento. O desenvolvimento é o remédio para sarar da crise e as empresas estão percebendo isso. Elas querem uma inovação que torne o produto mais sustentável e com menor custo.

É uma surpresa o fato de as empresas procurarem inovação neste momento?

Para mim, não é. Durante a crise de 2008, o investimento em inovação aumentou no mundo. Um exemplo é o gás de xisto nos Estados Unidos, que causou uma revolução tecnológica e permitiu a redução do preço dos combustíveis e a reativação da indústria petroquímica. A inovação é a saída para a crise. Não é apenas melhorar o produto em termos tecnológicos. É também reduzir o custo ou criar uma solução de logística para torná-lo mais competitivo.

A crise hídrica e de energia estão no radar das empresas?

A crise da água nem tanto, mas a da energia, sim. Muitas empresas estão buscando maneiras de gastar menos energia. Será uma tendência daqui pra frente.

Quais são os setores mais interessados nos projetos de inovação?

Químico, fármacos, cosméticos, equipamentos e materiais odontológicos, tecnologia de informação e energia de um modo geral, tanto petróleo e gás, no pré-sal, como energias renováveis.

O mercado de petróleo foi afetado pela queda do preço internacional e a crise na Petrobras. Qual foi o efeito?

A queda no preço é o fator mais importante, que obriga as empresas a desenvolverem processos para baixar o custo. A crise estimula a busca de soluções. A instabilidade da economia mundial demanda mais tecnologia.

As empresas brasileiras estão se preparando para isso?

Estão.

Qual será o efeito da alta do dólar para a indústria?

Vai ajudar, porque cria a percepção de que o importado é caro e vai ajudar os exportadores, A indústria brasileira que exporta vai ganhar, a que depende de insumos importados vai ganhar menos, e quem só importa vai perder.

Hoje o Brasil investe 1,2% do PIB em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Em quanto tempo isso pode mudar?

Não é um botão que você aperta e o País se torna inovador, mas a nossa missão é fazer com que isso cresça exponencialmente. Temos um contrato com o governo para investir R$ 1,5 bilhão, em seis anos, em P&D. Com mais R$ 3 bilhões das empresas, o investimento total será de R$ 4,5 bilhões no período.

A Embrapa ajudou o Brasil a aproveitar o boom das commodities, com a tecnologia agrícola. Qual é a função da EMBRAPII?

A EMBRAPII pretende ajudar a indústria brasileira a ser sempre competitiva.

Esta entrevista foi publicada na versão impressa da revista Isto É Dinheiro, edição de 06/05/2015.

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